segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Cristiano Ronaldo - do futebol espetáculo ao futebol eficaz

Não é segredo para ninguém que Cristiano Ronaldo tem crescido muito ao longo dos anos, não só enquanto futebolista, mas também enquanto pessoa. Neste artigo pretendo analisar a evolução do craque dentro das quatro linhas, usando como comparação o percurso do português no Manchester United e o seu percurso no Real Madrid. Quando jogava em Old Trafford, Ronaldo era um jogador dotado de uma qualidade técnica fora do comum, era super ágil e famoso pelo seu footwork extremamente rápido e preciso, que trocava os olhos às defesas adversárias. No vídeo anexado, podemos ver algumas das jogadas mais interessantes do então jovem prodígio. Lances de cortar a respiração, com a velocidade do drible e o leque de fintas em maior destaque. Nota ainda para o facto de todos os passes de Cristiano, que, diga-se, eram passes do outro mundo, serem acompanhados de um adorno particular que contribuía para o delírio dos adeptos (passes de calcanhar, passes por entre as pernas do adversário, passes sem olhar...). Podemos mesmo afirmar que Ronaldo não jogava simples, jogava bonito. Muitos afirmam que era um pouco individualista e, na minha opinião, esse é um dos aspetos que CR7 melhorou quando deu o salto de Inglaterra para Espanha.



Quanto aos seus números ao serviço dos Red Devils, estes dizem-nos que o futebol que os adeptos gostam nem sempre é o melhor para a equipa, sendo que em 292 jogos oficiais, Ronaldo apontou 118 golos. Números bastante impressionantes mas escassos em comparação com os que CR7 alcançou em Madrid, como veremos mais à frente.

Ora quando chegou ao Real Madrid, Ronaldo deparou-se com um ambiente diferente, em que não era propriamente a "estrela" da equipa, apesar da qualidade indiscutível, havia jogadores no plantel que estavam já há muito tempo no clube, e que tinham um estatuto especial, como é o caso de Raúl. Talvez por isso, Ronaldo foi forçado a jogar um pouco mais para a equipa, e menos para si. E esta mudança fez com que CR7 se tornasse numa máquina de golos e assistências, numa peça imprescindível ao sucesso do clube espanhol e num dos melhores jogadores de sempre.
Do meu ponto de vista, podemos referir um ano preciso que foi o ponto de viragem no estilo de jogo de CR7: 2009. Depois de vencer a Bola de Ouro em 2008 e de assumir um novo desafio num novo clube (em 2009), Ronaldo começou a preocupar-se mais em desenvolver o seu corpo e tornou-se num jogador mais físico do que técnico. Não me refiro às notórias mudanças faciais que interessam às revistas cor-de-rosa. Refiro-me às mudanças que interessam ao futebol. À medida que desenvolvia o seu físico, através de musculação e treinos intensivos, CR7 foi-se tornando cada vez menos ágil e é agora um jogador que já não encanta pela finta e pelo drible, mas sim pelo remate e pelo golo. Muito mais eficaz, sem dúvida, mas também menos vistoso e ousado, preferindo agora jogar pelo seguro a tentar inventar um lance de génio do ponto de vista individual. No vídeo abaixo podemos ver claramente que os movimentos de Ronaldo são mais presos e menos espetaculares, mas que toda a sua renovada filosofia de jogo traz o melhor à equipa.
E a prova disso são os números do português: 278 golos em 266 jogos.
Não pretendo com este artigo dar uma ideia de que CR7 se tornou um jogador mais comum ou mais cinzento, porque na verdade de comum Ronaldo não tem nada. Evoluíu à sua maneira e de maneira inteligente, ao perceber exatamente quando devia adaptar o seu estilo de jogo e torná-lo mais eficaz, apesar de menos atraente. Outros jogadores que não demonstraram a maturidade de Cristiano no momento de dar o salto para um futebol mais inteligente, perderam a oportunidade de se tornarem dos melhores do mundo, como é o caso de Quaresma, que tinha o mesmo (ou mais) potencial que Ronaldo, do meu ponto de vista.
Analisada a evolução de Cristiano Ronaldo podemos falar de um caso de mesma pessoa, jogadores diferentes.

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