terça-feira, 28 de abril de 2015

O expoente máximo de um jogador. Conjugar "Jogar futebol" com "Jogar à bola"

Quase todos os jogadores de futebol profissional chegam onde chegam por terem mostrado qualidade ao longo dos anos em que estiveram na formação. E por formação não falo só de jogar num clube, mas também na rua, num bairro, onde muitas estrelas são descobertas.
Ora nessa altura, enquanto jogamos na escola, no campo, com os nossos amigos, podemos dizer que "jogamos à bola". Esta expressão subentende que ainda não fazemos do futebol vida, que é mais um hobby, que não acarreta responsabilidades maiores. Para mim, não há nada mais puro do que jogar à bola, sem preocupações, sem horários, sem maldade, jogando apenas pelo simples mas tão completo prazer de jogar o jogo. 

Por outro lado, mais tarde na vida, deixamos de "jogar à bola" para "jogar futebol". Tornamos os jogos no recreio ou no bairro algo muito mais sério, com responsabilidades acrescidas, para com os colegas de equipa, o treinador, os adeptos... O futebol passa a ser a nossa vida, o nosso "ganha-pão", o que paga as nossas contas. E de súbito, deixamos de poder fazer aquela finta para nós mesmos, pois agora não jogamos por nós, jogamos por uma equipa.

Com tudo isto pretendo chegar à ideia de que, muitas vezes, pode-se perder qualidade de jogo pelo que implica ser futebolista. Sabemos que podemos estar a prejudicar-nos e à nossa família se falharmos um passe, um golo, há sempre essa preocupação. Por outro lado, traz talvez também a sensação mais gratificante do mundo, que é a de marcar um golo, de ganhar um jogo, de ganhar um campeonato.

A verdade é que, hoje em dia, há poucos jogadores a conjugar o "jogar futebol" com o "jogar à bola". Há os que são extremamente profissionais e assumem a profissão como o tal "paga-contas" que representa e há os que jogam em excesso para si próprios, como se o jogo se tratasse de um "baralhinho" com os amigos, em que é cada um por si, a fintar e a driblar. Assim, concluo que o expoente máximo de um jogador é atingido quando se superioriza de tal forma aos adversários, que é capaz de associar os dois lados do jogo com uma harmonia plena. Poder agir como estivesse entre amigos, estando porém num jogo de futebol profissional, e obter os melhores resultados para si e para a equipa, é algo raro, que poucos jogadores se podem gabar de ter alcançado. Lembro-me logo de Ronaldinho, Pelé e Maradona, que conseguiram alcançar o auge deste desporto, por serem tão superiores em todos os aspetos do jogo, que fizeram dele o seu próprio palco, contribuindo assim para o espetáculo que é o futebol.

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