domingo, 3 de setembro de 2017

A diferença entre um jogador de futebol e um "jogador da bola"

Robson-Kanu, suplente utilizado no jogo de ontem entre País de Gales e Áustria, fez isto, no último lance do jogo.

O resultado estava 1-0 e acabou por não fazer diferença, mas pergunto-me como é que é possível um jogador que não é titular na seleção, claramente na luta por um lugar no 11, decidir de uma forma tão deficiente, tão amadora, numa situação tão fácil para brilhar. Recebeu bem a bola, saiu bem do drible, cria uma situação 2x1 em que o segundo homem é, ainda por cima, Bale, e opta por rematar com o pé mais fraco. Que tipo de futebolista profissional é que pode ter uma assistência FÁCIL depois de estar há 20 minutos em campo e opta por tentar um remate difícil com o pior pé?

Claramente alguém que não quer calçar e acha o banco confortável. Nota positiva para Woodburn que marcou um golaço aos 17 anos nos seus primeiros minutos com a camisola do País de Gales.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

À Conversa com João Bernardo



À conversa com João Bernardo, criador do blog "Sair a Jogar" e Treinador na Geração Benfica Matosinhos.

-Antes de mais deixa-me dizer que é um prazer ter-te novamente no blog para mais uma conversa.

 
JB- O prazer é todo meu.
- Aquando do fim da época 2015/2016 que balanço fazes do campeonato nacional?
JB- Faço um balanço relativamente positivo, porque houve alguma qualidade. Confesso que no Verão nunca pensei que o Benfica fosse ser campeão, para mim a luta ia ser até à última jornada entre Porto e Sporting. O Porto porque era o único dos 3 grandes com um treinador que tinha um ano de trabalho em cima. O Sporting simplesmente porque tinha Jorge Jesus. Um conjunto de fatores fizeram com que os papéis se invertessem. Falo, por exemplo, da construção do plantel do Porto, que comparativamente ao do ano passado é muito inferior, e que a juntar a isso mudou de treinador a meio da época, numa altura em que para mim já não fazia qualquer sentido que assim fosse. Aqui o Porto ficou logo arrumado, porque a chegada de um novo treinador implica novas ideias, novas aprendizagens, novas formas de lidar com o treino, e sobretudo, implica tempo, muito tempo para que o treinador possa operacionalizar bem o que quer. Não me parece que haja tempo para muita coisa no decorrer de uma época para quem chega assim de repente, muito menos num clube como o Porto, que ainda estava em várias frentes, logo o volume de jogos era alto e, por consequência, o de treino era reduzido. O Sporting foi a equipa melhor trabalhada em Portugal, como seria de esperar de quem tem Jorge Jesus. Ganharam 6 de 7 clássicos durante o ano todo, e o que perderam foi a falhar golos de baliza aberta. O problema do Sporting nunca foi o futebol jogado, foi o extrafutebol. As palavras de Jesus sobre Rui Vitória causaram muita raiva e vontade de vencer no balneário do Benfica, os jogadores sentiram-se atacados com o ego enorme de Jesus. Basicamente o Sporting foi fora do campo o oposto daquilo que é dentro dele, foi péssimo na comunicação e Jorge Jesus roçou o ridículo. Continuo a admirá-lo muito e vai ser sempre uma referência, mas só no que toca ao jogo, porque fora de campo é o oposto da minha forma de estar. Rui Vitória herdou uma equipa com 6 anos de trabalho em cima, trabalho do melhor que se faz no mundo. Começou mal, com os comportamentos a desvirtuarem-se daquilo que tinha sido a excelência dos últimos 6 anos, mas aos poucos foi conseguindo trabalhar, os adeptos foram pacientes, ao contrário do que se passa no Porto, e, por isso, houve evolução. Muito respeito pelo que Rui Vitória fez quanto a chegada à equipa A de alguns jogadores. É impossível falar deste campeonato sem que se fale do Braga de Paulo Fonseca. É um treinador cada vez mais preparado para voltar a um grande e ser campeão, se lhe deram condições para isso. Não é o mesmo que era nos tempos do Porto, a passagem por Paços de Ferreira fez-lhe muito bem. Teve muita humildade e refletiu sobre tudo, sobre o que foi bom e o que foi mau, e é com essa capacidade de autocritica que um treinador evolui. Uma postura e uma forma de estar no futebol invejável, sempre a por a equipa à frente de tudo. Muita qualidade nos comportamentos da sua equipa, sempre com a mesma organização independentemente de qual fosse o 11 titular. Quanto ao resto, há treinadores e clubes que merecem uma nota de destaque. Um obrigado a Julio Velázquez pela coragem, pela personalidade e pelo perfume que trouxe ao seu Belenenses, nunca abdicando de jogar, seja contra quem for. Ao Arouca, os meus parabéns, embora me identifique pouco com Lito Vidigal. Ao Paços de Ferreira, que para além de continuar a ser uma casa de bons treinadores, é um clube que continua a não ter medo de ser bem-sucedido a recorrer à formação. Certamente que me esqueci de alguém, mas estes sem dúvida merecem.
- Pessoalmente alcançaste um objetivo importante durante este ano, deste um passo importante numa possível futura carreira de treinador. Como te sentes em relação a isso?
JB- Sim, este ano tive a oportunidade de fazer parte da estrutura da Geração Benfica Matosinhos, nas funções de treinador. Tem sido um ano de muitas aprendizagens, foi a minha primeira experiência ao nível de treino. Evolui-se muito no terreno, em contacto com os miúdos, a sermos obrigados a pensar rápido para dar feedback, a estar condicionados com fatores que não conseguimos controlar e que influenciam o treino, a ter que dividir o feedback com os pais que também gostavam de estar na nossa posição, evolui-se mesmo com tudo. É completamente diferente dar um treino a sub-6 e passados dois dias dar a sub-11. Muda tudo, os objetivos de treino são completamente diferentes e por isso o nosso comportamento também é diferente. Tudo é estimulante para a evolução. Eu acho que se evolui de diferentes formas com todas as idades e eu tenho tido a sorte de já ter convivido com todas as equipas, mesmo que por pouco tempo com algumas delas. Este ano já treinei rapazes e raparigas dos 4 aos 16 anos, por isso ao nível dos estímulos foi bom para evoluir em muita coisa, mas o caminho ainda é muito longo. Tenho dado bons passos a cada ano que passa, este ano dei mais um. Para o ano quero dar outro, não posso parar.

- Guardiola no City... Temos novo campeão inglês?
JB- Espero sinceramente que sim, e não consigo aceitar um não como resposta porque as minhas expectativas em relação ao Guardiola são sempre as mais altas. Vamos ver como é que vai encarar o campeonato e que plantel lhe vão dar. Espero que se distancie daquilo que tinha vindo a jogar com o Bayern, gostava de lhe dessem jogadores para ele jogar o jogo que eu gosto, um jogo mais interior e com mais pausa. No Bayern era difícil porque não tinha muitos jogadores com essas características, no City vamos aguardar para ver. O tempo de treino que vai ter entre jogos, ou que neste caso não vai ter, não me assusta muito porque ele é um monstro no treino, operacionaliza as suas ideias como ninguém e, por isso, não me acredito que ao nível do modelo de jogo vá ter dificuldades em impor a sua ideia de jogo. O City era a minha escolha para ele, é o clube menos inglês em Inglaterra e tem o plantel que mais me agrada para as suas mãos. Vai ser constantemente confrontado com autocarros, mas já é habitual. Tenho obrigatoriamente que dizer que são os mais fortes candidatos ao título, mesmo sem saber quase nada do que irá ser o plantel e de como estarão os rivais, mas Guardiola é Guardiola.
- O que achas da contratação do Renato Sanches para o Bayern?
JB- Acho que para o Renato vai ser muito bom, porque vai permitir que evolua numa liga 10x mais forte que a nossa, em todos os aspetos. Mesmo que não tenha muitos minutos em campo, vai sempre evoluir muito em treino, em contacto com os melhores. É mais um estímulo para a sua evolução, e é na dificuldade e no erro que se evolui. Vai certamente errar muito, vai ser obrigado a pensar e a executar mais rápido, mas é o que se pede nesta fase. Os valores da transferência são altos, é factual que ele ainda não vale aquilo tudo, mas cada vez mais se paga o potencial do jogador e não o que pode render no momento. Se vai ter sucesso? Não sei, talvez, mas não no imediato. Se vai evoluir e tornar-se melhor do que era? Sem dúvida alguma, tem potencial para isso. O trabalho do treinador vai ser fundamental, tenho pena que não apanhe Guardiola.
- Prognósticos para o Euro?
JB- Vai ser uma competição a eliminar e isso traz sempre surpresas. Há seleções em que pouca gente acredita que vão fazer estragos porque se vão apresentar muito bem trabalhadas. Falo da República Checa, por exemplo, que eliminou a Holanda e que se apresentou com um jogar muito interessante. Quanto aos favoritos são os habituais: Alemanha; França; Espanha… O rumo que a competição levar vai depender muito do sorteio, se seleções fortes se encontrarem em fases precoces da competição pode ser normal ver outras em fases mais avançadas. Quanto a Portugal, temos a obrigação de passar em 1º lugar no grupo, é o grupo mais fraco da competição. Depois disso vai, mais uma vez, depender do sorteio. Se apanharmos seleções acessíveis podemos ir relativamente longe, mas não me acredito minimamente que cheguemos perto de ganhar a competição. A minha aposta vai recair na Alemanha, mas vai ser um Euro cheio de surpresas.
- Que surpresas consideras terem-se verificado neste ano de futebol do ponto de vista de clubes?
JB- Cá em Portugal os destaques vão para o Braga, pela qualidade de jogo. Para o Arouca, pela classificação final. Para o Porto, por mais uma época fracassada. E por fim, para o Chaves do Vítor Oliveira, que apesar de não me identificar com a proposta de jogo, subiu mais uma vez.
Lá fora, felicito o Leicester pelo feito histórico, independentemente de tudo o que eu goste ou não de ver em campo. Um muito obrigado ao Tuchel e ao Sarri, pela qualidade que trouxeram ao Dortmund e Nápoles, respetivamente. Grandes ensinamentos retiro deles os dois. Ao Atlético de Madrid, especialmente ao Simeone. Não gosto do modelo de jogo, mas amo a forma como os jogadores morrem por uma ideia comum. Todo o mérito para ele. Também tenho que dar os parabéns ao Tottenham pelo grande trabalho que o Pochettino fez com um plantel medíocre. Aliou sempre uma qualidade de jogo cativante a resultados. Para mim, a equipa que melhor jogou na Barclays. E acho que é tudo, espero não me ter esquecido de ninguém.
- Equipa do ano da Liga Portuguesa (XI + treinador)
 JB- Em 442: Ederson; Layun; Lindelof; Coates; Bruno César; Adrien; João Mário; Bryan Ruiz; Rafa; Jonas; Slimani
Suplentes: Miguel Silva; Jardel; Afonso Figueiredo; Renato Sanches; Pizzi; Gaitan; Mitroglu
Treinador: Jorge Jesus
Treinador Adjunto: Paulo Fonseca

terça-feira, 29 de março de 2016

A mentalidade futebolística de hoje em dia

Manuel Fernandes na imagem. Porque é um vídeo dele o motivo de eu estar hoje a escrever sobre este assunto. A mentalidade das pessoas que vêem futebol. Analisemos então o curto clip.

Este vídeo foi publicado na página do facebook do blog "Visão de Mercado", conceituado no panorama nacional. E o vídeo mostra um lance do médio português enquanto jogador do Besiktas, em que recebe um passe difícil de um colega, consegue fazer passar a bola por cima de dois jogadores e, depois de tropeçar na bola, faz um simples movimento contraditório ao do adversário, que o tira do lance. É seguro dizer que são dois bons pormenores que resultam numa bonita saída da zona de pressão, mas o que é interessante reparar é que o vídeo não dá qualquer crédito ao que Manuel Fernandes faz depois de sair dessa situação apertada. O vídeo destaca a finta, mas não a decisão que se seguiu, que resultou num passe genial que passa entre o central e lateral adversário, criando um lance de perigo iminente para o adversário. Aliás, o vídeo acaba mesmo por cortar o seguimento da jogada, não demonstrando interesse pelo passe de Fernandes mas sim pela finta que o precedeu. Assim podemos ver a visão típica que as pessoas têm do futebol: "fintou dois jogadores, é uma grande jogada, nem interessa o que faz a seguir." É, de facto, uma grande jogada, mas sim porque Manuel Fernandes optou pela finta para depois optar pela equipa. A decisão inicial foi tomada com um primeiro intuito: sair da zona de pressão e conquistar espaço vazio. Alcançado este objetivo, Manuel Fernandes pensa "já consegui o que queria, agora vou fazer com que este lance signifique algo para a equipa." É um pensamento altamente altruísta, e é precisamente isso que torna o lance uma grande jogada. Fernandes não faz a finta para impor a sua qualidade individual sobre os adversários, ao contrário de muitos outros habilidosos, fá-lo para dar uma hipótese concreta à equipa de chegar ao golo. Messi atrai 3 adversários para criar espaço para os colegas, Ronaldo atrai 3 adversário para tentar bater os três. Manuel Fernandes faz uma finta para depois isolar um colega. Quaresma faz uma finta para depois rematar à baliza. 

As fintas valem pelo que dão à equipa a seguir.
Sou só mais uma pessoa a dar a sua opinião sobre um assunto, mas se conseguir mudar a forma como uma só pessoa olha para o futebol, já me dou por contente. 




terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

À Conversa com Francisco Morgado

À conversa com Francisco Morgado, amigo e colega de equipa do ADR Pasteleira.

- Francisco, é um prazer ter-te aqui a discutir ideias e uma possível parceria no blog.

FM- O prazer é todo meu.




Quais são as características que mais aprecias num jogador de futebol?

FM-  “O Arquiteto” Andrea Pirlo disse uma vez, “o futebol joga-se com a cabeça, os pés são só as ferramentas”. Para mim esta frase define o que é um jogador de futebol e qual deve ser a sua maior qualidade dentro dos relvados, não é uma característica que se treina diariamente, mas sim algo que se desenvolve com o conhecimento do jogo, a inteligência. Esta define quem joga à bola e quem joga futebol. Diferencia o que se mete no meio de 3 jogadores e sai com uma finta monumental e um grande aplauso e o que se preocupa mais com a equipa e todas as suas ações revertem em função do coletivo. Nada é mais importante que esta qualidade no meu ponto de vista.

Quais são as características que mais aprecias num treinador?

FM- Um grande treinador no meu ponto de vista é aquele que puxa pelo jogador, motiva e faz dum jovem com qualidade um verdadeiro craque. Podem dizer o que quiserem sobre as melhores e mais importantes características de um treinador, mas falando por experiência própria posso dizer que a única que é indispensável para ser um grande treinador, é a qualidade de conseguir entrar na cabeça do jogador e pô-lo a ver o jogo de outra forma, tornando-o mais maduro e motivando-o. Há quem diga que um bom treinador é aquele que põe a equipa a jogar bonito, ou que consegue fazer com que a sua equipa alcançe muitas vitórias, penso que essa não é a forma correta de pensar e acho que as pessoas deviam começar a olhar para o futebol doutra forma estando mais atentas ao seu "backstage".

Sei que és do Sporting, prognósticos para vencedor do campeonato?

FM- Sou do Sporting, mas consigo analisar o futebol sem beneficiar a toda a hora o clube que apoio, sei ser correto nas minhas análises e olhar para todos os pontos de vista de forma igual. A meu ver nesta altura do campeonato, apenas o Sporting e o Benfica estão na luta pelo título, não descarto por completo o FC Porto, mas posso dizer que este se encontra uns furos abaixo do que nos tem habituado e este ano temos presenciado uma equipa onde há falta de jogadores que sintam o clube, joguem de corpo e alma.
Por outro lado, os rivais da 2ª Circular, estão ambos em boa forma, praticando bom futebol e acima de tudo eficaz. O fator Jorge Jesus dá vantagem à turma de Alvalade, pois o treinador leonino é considerado um dos melhores do mundo, e também pelo facto de já ter mostrado várias vezes que tem a fórmula para derrotar o rival. Espera-se então uma luta a 2+1 até ao final do campeonato.

Jogador preferido?


FM- Jogador preferido? Volto a falar de Andrea Pirlo, o atual jogador do New York FC que milita na liga norte-americana de futebol profissional. É um craque que admiro não só pela sua qualidade, mas também por ter um dom que poucos têm, que é fazer uma equipa jogar. Há vários jogadores que admiro: Pogba pela sua qualidade técnica, Cannavaro pela capacidade de liderança, Iniesta pela visão de jogo,… Todos jogadores fantásticos que deixam qualquer amante do desporto rei com água na boca, mas Pirlo é diferente. Sobressai-se pelo seu toque de bola, visão, e inteligência o que o leva a ser dos jogadores com mais classe do futebol mundial, fatores que admiro muito. O italiano revela-se uma peça fundamental , em qualquer clube por onde passa, pois com toda a sua qualidade, faz com que a sua equipa pratique um futebol atraente.

Sei que queres fazer parte do blog. Que assuntos pretendes abordar quando escreveres?

FM- Sim, gostava muito. Ao escrever aqui, pretendo abordar assuntos mais recentes do mundo futebolístico, coisas que tenham acontecido nos últimos anos e que vão acontecendo ao longo dos dias que passam, gostava também de falar sobre alguns aspetos táticos do jogo, mas penso que isso é algo para discutir num futuro próximo caso venha ou não a fazer parte deste blog.

Jogas futebol no ADR Pasteleira, o que achas da formação do teu clube e da importância da formação de um jogador para a sua carreira?

FM- Jogo no ADR Pasteleira há cerca de um ano e meio, e do que vi e vivi até agora, posso dizer que é uma casa com bastante qualidade no desenvolvimento do jogador como homem e jogador. Foi lá que aprendi tudo que sei sobre futebol, e que cresci como homem, tornando-me numa pessoa melhor em todos os aspetos. Por este emblema passaram jogadores como André Gomes (Valência), e Bruno Fernandes (Udinese). É um clube que está numa fase de “renascimento”, pois esteve parado, e sem funcionamento durante alguns anos.
Quanto à importância da formação para a carreira de um jogador, sinto-me obrigado a dizer que é imprescindível. Qualquer pessoa precisa de formação em qualquer área que trabalhe, seja na medicina, na construção civil, nas limpezas… e como o futebol não foge à regra, precisa também de ter a sua cuidadosa formação, a nível pessoal (como homem) e a nível profissional (como jogador).   

Melhor XI do mundo?

FM- Neuer, Lahm, Piqué, Varane, Marcelo, Busquets, Modric, Iniesta, Ronaldo, Suárez, Messi.

Melhor XI da Liga Portuguesa?

FM- Casillas, Maxi, Paulo Oliveira, Jardel, Layun, Danilo P, Adrien, João Mário, Gaitán, Slimani, Ruiz.

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- Bom, resta-me dizer-te uma coisa: bem-vindo ao blog.



segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Pep Guardiola e o aproveitamento dos jogadores que tem

Na imagem, Pep fala com um dos jogadores em destaque neste artigo. Os seguintes comentários são referentes ao vídeo disponibilizado no final do artigo:
Para além das ideias extremamente inteligentes baseadas em conceitos simples que o senhor de cinzento apresenta, como o simples processo de virar o centro do jogo, de atrair e soltar, de conseguir que o adversário se posicione numa determinada zona, para libertar espaço noutra diferente, etc, vamos falar um pouco de uma característica que atinge o seu expoente máximo na figura de Guardiola: a capacidade para aproveitar os seus jogadores, fazendo-os render. No vídeo vemos maioritariamente duas características individuais a serem aproveitadas: a qualidade de passe longo de Boateng maioritariamente, mas patente em mais jogadores do Bayern; e a capacidade de desequilíbrio e a velocidade de Douglas Costa.


Guardiola escolhe dois jogadores fundamentais para este momento de jogo, não esquecendo a importância de todos os outros no processo que se segue. O Bayern atrai o adversário, Boateng estica a bola para Costa, que se encontra numa situação de 1x1, onde é letal. Ultrapassa o adversário, mete bola na área, Muller/Lewandowski aparece a finalizar. Simples, mas altamente eficaz. Para além do teor estratega do processo ofensivo, Pep escolhe os jogadores a dedo para que o desempenhem da melhor forma. Se calhar, se Muller estivesse no lugar de Costa, não iria passar com tanta facilidade pelo adversário por não ser tão desequilibrador, e, da mesma maneira, se Costa estivesse no lugar de Muller, a jogada não teria uma taxa tão elevada de sucesso, pelo facto de Costa não ser um finalizador nato. 

Guardiola mostra que não basta ter ideias, é preciso trabalhar e explorar da melhor forma o que temos disponível. Afinal de contas, são os jogadores que jogam.

Nota: Aconselho vivamente o artigo "O Modelo de Jogo em função do contexto", escrito pelo meu amigo João Bernardo, no Blog Sair a Jogar (http://sair-a-jogar.blogspot.pt/2015/04/o-modelo-de-jogo-em-funcao-do-contexto.html?spref=fb), uma vez que se adequa ao que aqui foi abordado e complementa as minhas ideias.



quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Mais um mito

Ontem estava no balneário a elogiar um defesa central da minha equipa, por ser muito bom com a bola nos pés. A resposta de um dos meus colegas foi: "Mas um central não tem que ter pés, tem que tirar.". Desilusão, é o que sinto. Como é que alguém que joga futebol pode dizer isto? Onde começa o processo de construção? No central. Por onde passa a bola quando há a necessidade de rodar por trás para ter linhas de passe? Pelo central. Quantas vezes vemos um central a desequilibrar por ter qualidade com a bola nos pés? Imensas. Cria confusão, cria indecisão, cria superioridade no processo ofensivo. Um central que recupera a bola e depois a entrega ao adversário preenche os requisitos do meu colega, os meus não. Para mim, a recuperação só é completa quando o jogador, seja central ou não, ganha a bola e depois a entrega com qualidade. A essência do futebol é um homem e uma bola, e como diria Luís Freitas Lobo, deve haver uma relação de amor entre os dois, não apenas uma amizade colorida. Ainda que haja um ou outro caso de ódio. Um central é mais um jogador dentro de campo, é a ignição do processo de construção, é nele que tudo começa. Se uma equipa abdica da posse de bola, é normal que não aposte tudo num central com qualidade técnica, se calhar preferem um muro, um jogador entroncado e forte, que consiga aliviar e bater a bola com força suficiente para afastar o perigo momentaneamente. Agora, é outra história quando falamos de uma equipa que assume o jogo, que, diga-se de passagem, era o que todas as equipas (principalmente as grandes) deveriam fazer, apesar de infelizmente haver alguns "colossos" que não o fazem. Aqui, é mais do que necessário, é obrigatório um central com qualidade com a bola nos pés, que saiba ter bola. Nota que todos os grandes que gostam de ter a bola têm pelo menos um central forte na condução. Hummels no Dortmund, Piqué no Barça, Boateng no Bayern, etc. 
Mais um mito do futebol, mais uma ideia vazia e sem sentido. 

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A "Chama" do Dragão

Falta querer. Falta vontade. Falta coragem para arriscar. Analisemos os dois últimos jogos do Porto para o campeonato. Clássico no Dragão, não se impõe outra ideia que não a vontade de vencer. Aboubakar está em grande forma, Osvaldo vai a jogo, com 0-0 no marcador a dez minutos do fim. Já que não arrisca no estilo de jogo, por que não arriscar e tirar um médio como Imbula (que diga-se de passagem já conheceu melhores jogos) ou Brahimi (idem)? Não, é mesmo o número 9 que sai. Troca por troca. Nesse jogo teve sorte, já hoje... Apercebeu-se do seu erro e decidiu tirar um central para acresentar um avançado, a quinze minutos do fim, 1-1 no marcador. Nada contra, apoiado. Aboubakar trouxe algo de novo, por mais insignificante que pareça, mas trouxe. Ainda assim o Porto sai de Moreira de Cónegos com um ponto. O que falhou? A substituição que se pedia foi feita, o Porto até chegou ao golo a dez minutos do fim, o que faltou? Faltou um "upgrade" no estilo de jogo. E é o que falta neste Porto. Falta querer arriscar. Falta não resumir o seu jogo a trocar a bola na defesa, ou a jogar por fora do bloco adversário. Percentagem de posse de bola? Top. Domínio sobre o oponente? Relativo. Domínio seria se conseguissemos uma troca de bola fluente e produtiva, dentro do bloco adversário, no último terço do terreno. Para que serve ter a bola controlada nos centrais? Para ter maior percentagem de passe? O Porto tem que assumir, tem que procurar outras soluções, tem que variar o seu jogo!! Falta criatividade ao Porto, falta criatividade a Lopetegui, falta-lhe o bichinho de jogar cada jogo como se fosse uma final. Já lá vão os tempos de Villas-Boas em que o Porto era campeão sem perder um único jogo. Lopetegui fala de oportunidades, que as teve mas que não as aproveitou. Se fizermos 100 vezes a mesma coisa vamos criar uma oportunidade pelo menos, isso é certo. A questão é que bastam 5, 10 vezes, se o jogo for variado, para se criarem mais. Criar confusão ao adversário, tirá-lo da sua zona de conforto? Não existe? C-R-I-A-T-I-V-I-D-A-D-E. É zero. Zero.