quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Mais um mito

Ontem estava no balneário a elogiar um defesa central da minha equipa, por ser muito bom com a bola nos pés. A resposta de um dos meus colegas foi: "Mas um central não tem que ter pés, tem que tirar.". Desilusão, é o que sinto. Como é que alguém que joga futebol pode dizer isto? Onde começa o processo de construção? No central. Por onde passa a bola quando há a necessidade de rodar por trás para ter linhas de passe? Pelo central. Quantas vezes vemos um central a desequilibrar por ter qualidade com a bola nos pés? Imensas. Cria confusão, cria indecisão, cria superioridade no processo ofensivo. Um central que recupera a bola e depois a entrega ao adversário preenche os requisitos do meu colega, os meus não. Para mim, a recuperação só é completa quando o jogador, seja central ou não, ganha a bola e depois a entrega com qualidade. A essência do futebol é um homem e uma bola, e como diria Luís Freitas Lobo, deve haver uma relação de amor entre os dois, não apenas uma amizade colorida. Ainda que haja um ou outro caso de ódio. Um central é mais um jogador dentro de campo, é a ignição do processo de construção, é nele que tudo começa. Se uma equipa abdica da posse de bola, é normal que não aposte tudo num central com qualidade técnica, se calhar preferem um muro, um jogador entroncado e forte, que consiga aliviar e bater a bola com força suficiente para afastar o perigo momentaneamente. Agora, é outra história quando falamos de uma equipa que assume o jogo, que, diga-se de passagem, era o que todas as equipas (principalmente as grandes) deveriam fazer, apesar de infelizmente haver alguns "colossos" que não o fazem. Aqui, é mais do que necessário, é obrigatório um central com qualidade com a bola nos pés, que saiba ter bola. Nota que todos os grandes que gostam de ter a bola têm pelo menos um central forte na condução. Hummels no Dortmund, Piqué no Barça, Boateng no Bayern, etc. 
Mais um mito do futebol, mais uma ideia vazia e sem sentido. 

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