quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Mitos do futebol

Se há coisa que, como diria Jorge Jesus, "me dá um ganda gozo", é ouvir daquelas conversas dos típicos misters de café, que ainda acham que estamos na década de 60 no que toca ao futebol. E é precisamente da boca destas peculiares criaturas que sai o tema que pretendo abordar neste artigo: os mitos do futebol.


1. A "experiência": confesso que este é um dos meus mitos preferidos. Para estes misters, um jogador com mais experiência é um jogador que joga há muito tempo no mesmo clube, ou que já tem muitos anos de futebol e que, por essa razão, tem lugar cativo no plantel pois mesmo que tenha menos qualidade que um "puto" que chegou ao clube recentemente, tem experiência, e isso é que interessa. Mas afinal o que é a experiência? Invoco mais uma vez Jorge Jesus, pois a sua resposta a esta pergunta está absolutamente correta. JJ disse, há algum tempo, que a experiência é o conhecimento. E nesta simples frase está tudo dito. Dito isto, salta-me logo ao pensamento um jogador que vem desmentir o mito de que experiência é igual a idade. Óliver Torres. Acabou de fazer 20 anos e o seu conhecimento já é, no mínimo, acima da média. Em boa verdade, chega e sobra para tirar o lugar a qualquer médio da liga portuguesa, tenha ele "mais experiência" ou não. É nestas situações que me revolta ouvir um "Pá o miúdo não joga mal, mas o outro é mais experiente", usado no contexto errado. "É mais experiente porquê?" - pergunto eu. Quase que aposto que a resposta vai andar à volta de algo como "Porque anda cá há mais anos". Enfim, ridículo.

2. O "físico": cérebro não, músculos sim. Falemos por exemplo da posição 6. Na opinião da maioria dos nossos misters do "fino" e do tremoço, Casemiro tem que ser titular porque é mais robusto e tem mais raça que os outros médios do FCP. Claramente estes adeptos preferem o jogador que usa o físico para ter sucesso, em vez de usar o cérebro. Assim, suponho que o R.Neves precisa de ganhar físico antes de ter sequer direito a lutar pelo lugar de Casemiro no meio-campo defensivo do Porto. Mas se explorarmos mais o meio-campo do FCP, apercebomo-nos da presença habitual de Hector Herrera no onze titular, que deixa um talentoso Quintero no banco, porque... Ah, já sei! Porque tem mais físico! Eu chego mesmo a pensar que deve ser Herrera quem vai na frente quando a equipa do FCP faz voltas ao campo em corrida, no treino. O mexicano é indiscutívelmente um jogador resistente, que chega a correr 12,13km num jogo, mas de que serve isso? No meu ponto de vista, Herrera corre um pouco sem propósito e a equipa nada ganha com isso, sobretudo quando tem um jogador como Quintero no banco, capaz de decidir um jogo em 5 minutos. Assim, o meio-campo habitual do Porto é Casemiro, Herrera e Óliver, quando deveria ser R.Neves, Quintero e Óliver, no meu ponto de vista.


Destaquei aqui os que eu considero serem os maiores mitos do futebol, se bem que existem outros  mais específicos, mas que derivam de certa forma dos que referi anteriormente (é o caso do mito da idade, ou do mito de que um extremo tem que ser muito rápido, por exemplo).

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